todas as estações
levam-me ao mar
o trem despediu-se de mim
sentei-me na areia
ouvi as ondas do mar
Iemanjá fazia castelos de areia
ainda criança eu a vi
veio um homem e pisou no castelo
o mar chorou por Iemanjá
eu quis abraçá-la ternamente
veio uma onda e vestiu-me de oferenda
fui flor ofertada à deusa do mar
o outono sorriu para mim concordando
antes ser feliz diante do mar
que sentir-se um nada além do horizonte
é preciso tornar-se o cheiro do mar
antes que a noite finde e o sonho acabe

rosângela trajano