Rosângela Trajano
Ela tinha flores no pensar
Segurava a minha mão
Quando eu tinha medo do gavião
Andava de mansinho
Contando as folhinhas secas
Largadas naquele chão
Seus olhinhos azuis
Queriam sempre um dengo
Foi buscar um cavalo para mim do outro lado do monte
Eu quem lia seu diário
Eu quem guardava o seu rosário
Nunca me deixou sozinha
A amiguinha era inteligente
Estudava as estrelas
Ninava pássaros órfãos
Dava água pro viajante
Minha amiguinha se foi
Não morreu não
Uma incerteza a levou
E pensar que a gente brincava de se esconder
Hoje tudo o que eu mais queria era vê-la
Alguém passando na rua
grita seu nome
Saudade quando dói come formiga
Eu como doce de melancia