Negrinha advogada
Rosângela Trajano
Era uma negrinha frágil
Dessas que a gente pensa
Que logo vai morrer
Talvez de fome ou sede
Mas comida não lhe faltava
Morava num quilombo
Onde tudo o que se plantava dava
Era magreza de ruindade
Dizia a vovó esperta
Essa negrinha estudou muito
Também brincava ao léu
Foi ser doutora do seu povo
Advogada charmosa venceu
Tinha gente que sorria da sua cor
Isso a incomodava e triste ficava
Mas a vovó esperta sempre dizia
É assim mesmo, netinha, não ligue
Deixe eles sorrirem da gente
Enquanto isso vá aprendendo as leis
Para nunca mais ter escravos
No mundo e nos corações
Lute para erradicar o que ainda restou
Da escravidão no Brasil