Fazia alguns anos que eu estava distante de casa e depois de muito tempo para minha surpresa recebi uma carta sem remetente. Fiquei curiosa por demais. A minha amiga que dividia o apartamento comigo também ficou. A gente na verdade nem queria abrir a carta com medo de vir uma bomba dentro ou coisa parecida. Resolvi deixá-la em cima da mesa por alguns dias até que passasse o medo de abri-la. Todas às vezes que entrava em casa olhava para o envelope em branco em cima da mesa e sentia arrepios. Um lado meu pedia para eu abrir a carta e o outro, mais medroso, dizia que não. O tempo foi passando e nada de coragem. Depois de uns três meses, cheguei com a cabeça quente de tantos problemas vividos naquele dia que disse para mim mesma: é impossível acontecer coisa pior hoje. Então, peguei o envelope e me sentei no sofá velho da sala. De quem será, fiquei a pensar. Abri rapidamente o envelope e vi que o papel estava em branco. Sorri muito. Aquela carta só podia ser da minha irmã que estava sem falar comigo há mais de dez anos. Ela já tinha feito aquilo outras vezes. Era o jeito dela pedir perdão. Mas só de pirraça dei como resposta outro papel em branco dentro do envelope também sem remetente. Só para ela sentir na pele o que fez eu sentir também.