Rosângela Trajano

Ela tinha pressa para viver

Seu doce coração

Batia bem devagar

Apressada engolia borboletas

Cheirava as flores dos canteiros

Atchim! Sorria da alergia

Não pise na grama

Não obedecia… a abraçava

Era daquelas menininhas

Tiquinho de gente

Quase meio nada

Coraçãozinho lento

Precisava conhecer a lua

Visitar o soldado que veio da guerra

Ouvir o sono dos pássaros

Apressada a menininha

Nunca parava de sonhar

Mexia em tudo… mexia em si

Era possível descobrir outras menininhas

Com coração doente

Que tivessem pressa de escovar os dentes

De sair de casa em casa dizendo o número do pé

Que importa um número de pé aos adultos

Quem sabe… adultos são estranhos

Apressada a menininha fez viagem de trem

Vomitou o vestido novo

Chorou escondido

Num domingo belo

Manhã de aquarela livre

O coração da menininha

Parou de bater… parou

Ela dormiu em cima do urso

Com cheiro de xixi