Trabalhar no setor de telefonia pública da TELERN sempre foi muito bom para mim. Certo dia, recebi uma carta pedindo o remanejamento de um orelhão para outro local porque a casa onde ele ficava de frente morava uma mulher que ouvia todas as conversas das pessoas pela janela e depois saía inventando fofocas a um e a outro. Pedi, então, que o técnico colocasse o orelhão noutro endereço sem prejudicar a população. Ocorre que chegando lá e na hora de executar o trabalho o povo da rua se aproximou e perguntou o motivo. O técnico disse que não sabia, pois foi como o orientei. Uma mulher brava, se apresentou e disse em bom tom “nossa! se tirar o orelhão daqui nunca mais a gente vai saber as fofocas da rua.” No que a maioria das pessoas concordou e só uma delas falou “eu morro de medo de usar esse orelhão e cair na boca do povo. Moço, coloque ele na mercearia de seu João.” Todo mundo apontou pra jovem mulher e perguntou “foi você que pediu para remanejar o orelhão?” A jovem sentindo-se acuada com aquele monte de gente falando ao mesmo tempo deu graças a Deus quando um garoto atendeu o orelhão e perguntou “Quem é Rita?” O garoto disse “Rita é um homem que quer falar contigo. Ele disse que tu és o amor dele.” A jovem mulher chamada Rita correu para atender a ligação. Todo mundo da rua abriu bem os ouvidos para ouvir a conversa de Rita com o homem porque ela só recebia ligação de mulher até de madrugada, conforme disse a fofoqueira assim que se juntou ao grupo. E o técnico depois de me relatar que a maioria das pessoas não aceitou o remanejamento voltou para a empresa. Observação na ordem de serviço: serviço não executado porque atende socialmente a população do local.