As meninas
Lygia Fagundes Telles
Editora: Companhia das Letras
Cidade: São Paulo
Páginas: 301
Ano: 2009
ISBN: 978-85-359-1430-6

O romance de ficção As meninas de Lygia Fagundes Telles foi publicado em 1973 em plena ditadura militar e narra a história de três jovens que fazem faculdade e moram no pensionato católico Nossa Senhora de Fátima em São Paulo. São elas: Lorena Vaz Leme, Lia de Melo Schultz e Ana Clara Conceição. Três jovens cheias de sonhos e também problemas a serem superados que vão surgindo ao longo da narrativa. Lorena namora com Fabrizio, um amigo da faculdade, e mantém um amor platônico por um homem casado, mas continua virgem. Um homem que tem cinco filhos e tem medo de deixar a esposa sozinha, vive a escrever-lhe cartas e assina com as iniciais M.N. de Marcus Nemesius, médico ginecologista. Lorena passou a sua infância na fazenda com os seus irmãos Rômulo e Remo, segundo ela o seu irmão Rômulo morreu num trágico acidente com um tiro numa brincadeira com Remo. Lorena estuda Direito. Lia é filha de baiana com alemão, milita na luta contra a ditadura. Quando menina teve um caso homossexual. Estuda Ciências Sociais. Lia é carinhosamente chamada de Lião, esse apelido surgiu pela sua força revolucionária esquerdista. Quando inicia-se a ditadura militar o seu namorado Miguel  é preso. Ana Clara viveu uma infância de muito abandono e solidão, criada em um cortiço viu a mãe apanhar de muitos homens, sua mãe Judite era prostituta. Quando criança foi abusada sexualmente pelo seu dentista chamado doutor Algodãozinho. Ana torna-se modelo e vai estudar psicologia. Ana namora Max que carinhosamente a chama de Coelha, diz que está grávida e pretende abortar. A narrativa do romance começa com ela e Max conversando na cama drogados e bêbados. O romance fala sobre questões sociais importantes nos anos 70 que vão desde o preconceito com os negros, a homossexualidade e a ditadura militar. Lia pretende fugir para a Argélia onde encontrar-se-á com Miguel, mas uma noite antes da sua viagem encontra Ana Clara drogada e a leva para o seu apartamento onde faz-lhe tomar um bom banho. Depois de reclamar de uma dor no peito Ana Clara morre de overdose no apartamento da amiga. Lia e Lorena tiram o corpo de Ana Clara do pensionato e o abandonam em uma praça. As três meninas vivem os dramas que todos os jovens viviam naquela época: namoros, revoluções, estudos, conflitos com a realidade, etc. Ana Clara é a que menos sabe o que quer da vida e a todo tempo sente uma pequena inveja das amigas que vêm de famílias mais favorecidas. A autora levou três anos para escrever a obra que torna-se linda, árdua e cheia de vontade de liberdade. Difícil encontrar uma obra tão bem escrita em plena ditadura militar. Lygia consegue colocar na sua obra os sentimentos dos jovens daquela época.