Rosângela Trajano Mesmo se eu partir Mesmo se eu partir Fotografas mais Olhas às nuvens Desenhas animais. Não importa se eu for Pra bem longe daqui Sorrirei no vento Mais perto de ti. Mesmo se eu partir O sol sempre virá As árvores crescerão Terás com quem brincar.
Author: Rosângela Trajano (Rosângela Trajano)
Um sorriso de menina
Rosângela Trajano Um sorriso de menina Uma menina sozinha Sem casa e comida Nos becos escuros Largada na vida. Um sorriso de menina Deixado no batente Esquecido talvez Do resto da gente. Achei um sorriso De uma menina Estranho no mundo Na rua da esquina.
Velhinho pensador
Rosângela Trajano Velhinho pensador Para Seu Francisco, meu amigo. Conheci um velhinho De tudo sabia Com seu jeitinho As coisas dizia. Falava do horizonte Das horas do dia Do maior monte Da geometria. Velhinho pensador Camisa de cetim Muito me ensinou Plantou-se em mim.
Porquinho solitário
Rosângela Trajano Porquinho solitário O pobre porquinho Tão solitário Lindo bichinho Está no armário. O porquinho solitário Bem escondido Esquece o horário De ser acolhido. Fica o porquinho Mais solitário O belo sozinho No vestiário.
Delegado
Rosângela Trajano Delegado O delegado da cidade Anda cansado Na sua idade Ainda é um danado. O delegado prende O bêbado que briga O homem que vende Um quilo de formiga. O delegado trabalha Noite e dia Com dois soldados Na delegacia.
A bolsa da Ritinha
Rosângela Trajano A bolsa da Ritinha Na bolsa da Ritinha Tem martelo Tem cartinha Tem chinelo. A bolsa da Ritinha É colorida Com uma florzinha Meio exibida. Na bolsa da Ritinha Cabe alegrias Caderno, sombrinha Noites e dias.
Fugir de mim
Rosângela Trajano Fugir de mim Batem em mim Me xingam Sou um bobo Dizem assim. Tenho vontade De fugir de mim Desse meu jeito Sem vaidade. Me pintei Fui para o espelho Parecia outro Mas me enganei.
Dedo amarelo
Rosângela Trajano Dedo amarelo Dado pintou O dedo De amarelo Amarelão ficou. O dedo amarelo De Dado Levou uma pancada Do martelo. Dado chorou O dedo amarelo Amarelão doía Espantado.
A casa caiu
Rosângela Trajano A casa caiu Foi de madrugada Um minuto Difícil acreditar Não era nada. A casa caiu No meio da chuva De cima do morro A lua viu. Não era nada Dizia pra mim A casa caída E eu calada.
Eu era o depois
Rosângela Trajano Eu era o depois Pra ele tudo tinha Pra mim nada Coisa esquisita Tristeza vinha. Eu era o depois Meu irmãozinho Sempre o primeiro De nós dois. Ele ganhava barcos Eu caroços de manga Ele tinha soldados Eu colava cacos.