Menina da plantinha
Rosângela Trajano
1
Uma vez uma menina
Desejava criar algo
Cansada da vã rotina
O pai era gentil fidalgo
2
Ganhou uma bela plantinha
De presente do doutor
Meio frágil coitadinha
Necessitava de amor
3
Não sabia onde guardar
A plantinha sorridente
Pensou num grande lugar
Era uma ideia somente
4
Matutando um bom lugar
Achou certa janelinha
Ouviu o gato miar
Para comer a plantinha
5
Rapidamente tirou
A plantinha da janela
Bichano bravo ficou
Logo seguiu atrás dela
6
Difícil achar local
Para guardar a plantinha
Longe daquele animal
Que instinto apurado tinha
7
Colocou sua plantinha
Perto da televisão
Não ficaria sozinha
Estaria em proteção
8
Mesmo na hora da novela
De repente, veio um grito
Menina largou tigela
Grito bastante esquisito
9
Sem saber dos muitos mimos
Da plantinha escandalosa
Menina chamou seus primos
Estava tão curiosa
10
Os primos se assustaram
Com a danada plantinha
Por minutos pensaram
Foi feitiço na bichinha
11
Meus primos são tão bobões
Plantas não se enfeitiçam
Têm dois pés e corações
Assustadas se eriçam
12
Menina descobriu
A sua doce plantinha
Voz do mocinho ouviu
Na velha televisãozinha
13
De novela bem gostava
Conhecia seu mocinho
Plantinha logo avisava
Como era seu dengozinho
14
A noite chegou bem cedo
A menina adormeceu
A plantinha teve medo
Do gato que apareceu
15
Plantinha muito chorou
Trêmula se balançava
Menina logo acordou
Qual medo lhe angustiava
16
Quis a menina saber
Plantinha que cuidou
Deu-lhe água pra beber
Gato pra fora botou
17
A noite bem devagar
No seu relógio passava
Menina nem dormiu
Novo dia já chegava
18
Ir à escola devia
Em saco iria a plantinha
Lição nova aprenderia
Com gentil professorinha
19
Seu caderno ajeitou
Tomou feliz banho belo
O seu corpo perfumou
Calçou seu velho chinelo
20
No meio da rua cheia
As pessoas indo e vindo
Plantinha tossiu alheia
Toda poluição engolindo
21
Na escolinha chegaram
Quase mortas coitadinhas
Nada elas comentaram
Respiraram fumacinhas
22
Vigia aflito ficou
Garapa preparou sim
Água e açúcar colocou
Encheu o copo até o fim
23
Mandou menina beber
A garapa devagar
Depois dela espairecer
Dali plantinha levar
24
Digo sempre a todo mundo
A poluição está matando
Nosso ambiente profundo
O povo está atacando
25
Até a sua plantinha
Quase morreu essa coitada
O fim da cidadezinha
Que cresceu desenfreada
26
Aqui muito antes morava
Gente de todo lugar
Plantinhas eu cuidava
O povo deixou de amar
27
As plantas e os animais
Vivem tudo poluindo
Não se preocupam mais
Nossas dores não sentindo
28
Leve essa bela plantinha
Pra casa e cuide dela
Ague rápido a bichinha
Trate dela igual donzela
29
Logo pra casa voltou
Fez pedido do vigia
Um curativo botou
Na plantinha que morria
30
Rezou pro Nosso Senhor
Salvar a sua plantinha
Pediu um pouco de amor
Respeito para a vidinha
31
Lágrimas muito chorou
A cidade poluída
Quase a plantinha matou
Deixou-a muito sofrida
32
Um milagre aconteceu
A plantinha respirou
Num sorriso se mexeu
Menina perto ficou
Alegria percebeu
No seu gato que miou
******
Rosângela Trajano em 12 de novembro de 2019
Tarde de primavera
Mamãe dorme na redinha
Exercícios para o bom pensar.
1 – O que uma plantinha precisa para ser feliz além de água e adubo?
2 – O que as plantinhas sentem quando são abandonadas por nós?
3 – Por que as plantinhas precisam de amor e carinho?
4 – Como cuidar dos dengos de uma plantinha?
5 – O que é a poluição?
6 – Por que a poluição está destruindo as cidades?
7 – Por que as plantinhas não suportam a poluição?
8 – Que males a poluição pode nos trazer?
9 – Como combater a poluição?
10 – Como são as cidades poluídas?
Desenhe uma plantinha vivendo numa cidade sem poluição.