Era uma vez um menino que morava num sítio bem distante da cidade grande. No sítio do menino tinha muitas árvores frutíferas, rios, cachoeiras, pedras e muitos animais que ele todos os dias tinha como cuidado colocar comida e água. Era só o que fazia na sua vida de menino fraquinho e tímido do interior, além de receber aulas da professora Dorinha.

O menino estava aprendendo a ler e a escrever. E naquele Natal a professora Dorinha o incentivou a escrever uma cartinha para o Papai Noel. Peça o que você quiser que ele trará, disse a professora Dorinha toda empolgada. Parecia que até era como ela dizia. Só pedir e o Papai Noel atenderia. O menino sabia que o Papai Noel tinha muitas crianças para ajudar e que o seu pedido era quase impossível ele realizar. Não queria contar para ninguém o seu pedido e por isso escreveu a sua cartinha escondido da professora Dorinha que curiosa pediu para lê-la e corrigi-la, mas ele bateu o pé e disse que não.

Sob a ameaça do Papai Noel não atender o pedido de carta de menino que escreve errado como assim dizia a professora Dorinha morrendo de curiosidade para saber o que o menino tinha pedido ele escondeu a sua cartinha embaixo do colchão da cama e foi tomar as suas outras lições.

O dia passou rápido e o Natal foi chegando devagarzinho. Depois que a professora Dorinha foi embora, o menino leu e releu a sua cartinha umas mil vezes para descobrir se não tinha erros, pois estava preocupado do Papai Noel não gostar nada dele escrever errado. Ficou a se perguntar se Papai Noel gostaria de ler um milhão de vezes a palavra “milagre”. E também se a tinha escrito corretamente. Tinha dúvida se pronunciava “milacre” ou “milagre”. Além do mais, o pedido que ele fizera era coisa muito difícil de um Papai Noel mesmo com poderes incríveis atender. Teria que ter muita sorte mesmo. Mas, como Papai Noel é o velhinho barbudo, vestido de vermelho que realiza tudo o menino ficou feliz e pendurou a sua cartinha na janela da sua casa.

Houve festa no sítio naquele Natal bonito de novo. E já passava da meia-noite quando se ouviu um barulho no quintal. Todos correram para ver o que acontecia. Por incrível que pareça era a vaquinha Tutu correndo atrás de Papai Noel que caiu no chão e teve os presentes das outras crianças todos espalhados. O menino ficou preocupado e correu para ajudá-lo. Pensou que Papai Noel estivesse com raiva de tudo aquilo, mas o bom velhinho sorriu para ele e disse

– Já aconteceu de tudo comigo nas noites de Natal, mas uma vaca correr atrás de mim esta é a primeira vez, garoto. Hô, hô, hô, hô! Feliz Natal! Chegue! Me ajude que preciso levar os presentes das demais crianças!

O menino ajudou o Papai Noel a colocar todos os presentes dentro do seu saco. A vaquinha Tutu rasgou uma boneca de pano e o bom velhinho lamentou, pois aquela era para uma menina muito especial. Para que ele não ficasse tristonho, o menino pediu que levasse um bezerro para a menina, podia escolher o bezerro que quisesse, disse o menino

– Hô, hô, hô, esta menina da boneca de pano mora no vigésimo segundo andar, meu querido! Ela não tem como criar um bezerro! Dê-me outra coisa!

O menino então pensou e pensou. Não veio nada à sua cabecinha. Quando ficava tenso e preocupado não conseguia pensar em nada. Enquanto conversava com Papai Noel buscando uma solução para o caso da menina, a vaquinha Tutu aproveitou para mexer nos demais presentes que estavam dentro do saco do Papai Noel que parecia distraído com o menino e acabou rasgando e comendo todo o resto dos presentes. Quando viram aquilo, Papai Noel começou a chorar de tristeza e o menino sem saber o que fazer levantou as mãos para o céu e pediu ajuda a Deus.

Foi neste instante que uma estrelinha cadente veio viajando, entrou dentro do saco de Papai Noel e colocou milhares de brinquedos novos lá dentro os multiplicando de tamanho e  de quantidade. Papai Noel e o menino viram tudo aquilo e ficaram parados sem saber o que dizer, só os olhos falavam por si. A estrelinha ainda desejou-lhes um feliz Natal e disse toda sorridente

– Agora vou me encontrar com o menino Jesus! Adeus!

A estrelinha voltou para o céu. O papai Noel todo feliz com os seus presentes novos subiu no seu trenó e também voou para os céus se despedindo do menino e da vaquinha Tutu

– No próximo Natal cuide de prender a sua vaquinha Tutu! Hô, hô, hô, hô… Feliz Natal, menininho!

O menino levou Tutu para dormir e depois correu para o seu quarto. Feliz da vida ao ver o seu presente em cima da cama riscado num pedaço de papel onde podia-se ler

“Amanhã você terá um doador de médula óssea à sua espera no hospital. Ele é um cara legal e mora do outro lado do mundo, mas virá só para lhe ajudar a se curar da leucemia. Feliz Natal! De Papai Noel”.

A gente não sabia no começo da história que o menino sofria de Leucemia. Isso porque tem coisas que a gente só conta quando é necessário. O menino era feliz mesmo sofrendo com a Leucemia e isso é o que importa. A felicidade e a esperança devem sempre ser mantidos nos nossos corações. Eu amo vocês! Feliz Natal!