O menino das plantinhas
Rosângela Trajano

A mãe viajou e deixou o menino cuidando das suas plantas. Era para lhes dar carinho, amor e conversar com elas sempre que possível. Nunca as deixar sentirem-se sozinhas ou abandonadas.
O menino pegou um balde e um canequinho de plástico e todos os dias aguava as plantinhas da mamãe. Também lia histórias para elas.
— Vocês estão bem?, perguntava ele às plantas todos os dias.
Com a aproximação das avaliações escolares ele teve que se dedicar aos estudos. Esqueceu das plantas por três dias. Quando lembrou-se, colocou as mãos na cabeça, deu um pulo, correu para as ver
— Eu matei as plantas da mamãe! E agora?
Ele bem que rezou para que elas voltassem a viver, mas morreram não se sabe se de sede ou de falta das conversas. Agora era preparar uma história de mentira para contar à mamãe e ela não ficar brava. Saberia o menino mentir para a mamãe?

Esconder as plantinhas e dizer que um extraterrestre as levou, mas aquilo era história para ele dormir que a mamãe contava mesmo sabendo que ele não acreditava em ets e nem ela. Mentir era feio, a mamãe dizia.
Então, o menino colocou um balde água em cada planta e passou o dia e a noite lendo para elas, mas parece que foi pior porque elas morreram de uma vez.
Se contasse a verdade sabia que a mamãe ficaria brava por demais e era até capaz de o colocar de castigo.
Foi quando o menino viu acender uma luzinha na sua cabeça.

Esconder as plantinhas e dizer que um extraterrestre as levou, mas aquilo era história para ele dormir que a mamãe contava mesmo sabendo que ele não acreditava em ets e nem ela. Mentir era feio, a mamãe dizia.

Então, o menino colocou um balde água em cada planta e passou o dia e a noite lendo para elas, mas parece que foi pior porque elas morreram de uma vez.

Se contasse a verdade sabia que a mamãe ficaria brava por demais e era até capaz de o colocar de castigo.

Foi quando o menino viu acender uma luzinha na sua cabeça.

— Tive uma ideia!

Correu até a casa da vizinha com uma bacia de plástico e negociou com ela algumas plantinhas iguais as da mamãe.

O menino comprou todas as plantas que pôde. Veio para casa todo feliz. Sepultou as da mamãe no quintal da casa e colocou as novas no lugar delas. Pronto! Agora era só tomar cuidado e não esquecer nunca de cuidar delas.

Não esquecer que nada! O vovô veio buscar o menino para passar o fim de semana na sua casa e ele logo que aceitou!

Na segunda-feira, ao abrir a porta da frente da casa, o menino ficou de frente novamente para as novas plantas mortas.

Ficou dois dias fora de casa! Tempo suficiente para elas morrerem!

— O que eu faço agora, Deus?

Não passou um minuto veio a resposta. A mamãe entrou porta adentro com as mãos cheias de malas e sacolas. Ele ficou na frente das plantas com os braços bem abertos para esconder tudo.

— Filhão! Quanta saudade! Como está você?

— Bem, mamãe! Também senti saudades.

— Dá cá um abraço na mamãe.

O menino correu para os braços da mamãe e enquanto a abraçava esperou a hora da bronca.

— Filho?

— Não foi porque eu quis, mamãe! Juro de verdade verdadinha!

— As plantas estão lindas! O que você fez com elas?

O menino soltou o pescoço da mamãe e olhou para as plantas quase sem acreditar

— Cuidei delas do jeitinho que me ensinou, mamãe.

Com as mãos para trás do corpo cruzou os dedos enquanto mentia e se recuperava da surpresa de ver as plantas vivas de novo. Só uma coisa explicava aquilo

— Saudades!

As plantas se curaram de suas saudades. Eram iguais a ele quando novinho que ficava doente de saudades sempre que a mamãe viajava.

Enquanto a mamãe, espantada, admirava as suas plantas bonitas o menino ouviu a vizinha perguntar se ele não queria comprar mais nenhuma.

Rapidamente, fechou as portas e as janelas para a mamãe não ouvi-la.

— Por que está fechando tudo, filho? Está com frio?

— Vai já chover, mamãe!

— Notícia boa! Vamos colocar as plantas na chuva!

A mãe colocou um jarro nos braços do menino e mais dois nos seus e foram para a varanda onde estava a vizinha oferecendo mais plantas por um precinho maravilhoso.

— Quer ver a mamãe descobrir tudo, Deus. E agora?

As duas mulheres conversavam embaixo de um sol de quarenta graus. A vizinha contou a verdade para a mamãe? Não! Ela disse que aquele menino era o mais gentil do mundo, pois além de cuidar bem das plantas da mamãe ainda comprou mais para ela!

Essa foi por um triz, pensou o menino aliviado. E a chuva? A chuva passou, de repente.

FIM