A menininha e o soldado da guerra

Rosângela Trajano

Foi tudo de repente. Parecia que a paz tinha voltado ao país, pois os tanques inimigos estavam indo embora. Porém, tudo começou de novo. Por que há guerras, perguntou a menininha para si mesma já que os pais estavam tão preocupados em protegê-la e não queria perturbá-los com uma pergunta boba.

A menininha perdeu-se dos pais com os bombardeiros que destruíram casas, supermercados, escolas e hospitais.

Andava pelas ruas gritando pelo papai e a mamãe. Viu muita gente ferida pedindo socorro e muitas crianças chorando igual a ela. Parecia que todas tinham perdido os seus pais.

Não sabia como voltar para casa. Nem sabia se ainda tinha casa. Tudo foi destruído com o ataque do inimigo.

Assustada e suja de poeira sentia-se perdida em meio a multidão de gente andando apressada, de crianças chorando, de gatos miando e cachorros latindo. Também podia-se ouvir as sirenes dos bombeiros e ambulâncias vindo e indo o tempo todo.

Ela não sabia por que o seu país estava em guerra nem seus pais nunca lhe contaram anda. A guerra começou assim de repente. Ninguém foi avisado para se proteger.

Naquela manhã, saiu com os pais para comprar verduras. A mamãe pediu-lhe que segurasse fortemente a sua mão, mas a menininha distraiu-se com um passarinho e correu atrás dele. Foi quando o bombardeio começou.

Agora estava sozinha no mundo. Será que o seu papai e a sua mamãe morreram? Ela começou a chorar mais ainda ao pensar naquilo. Tinha tanta gente morta ao seu redor. Uma velhinha gemia de dor sentada em uma calçada. Lá do outro lado da rua os escombros de uma escola bombardeada largavam fumaça e poeira no céu cinzento.

Fazia dias que o céu não ficava azul. Fazia dias que o povo morria e ninguém fazia nada. Mas, quem podia fazer algo? Ela não sabia senão ia falar com essa pessoa. Quem inventou a guerra é uma pessoa muito malvada, pensou e chorou muito mais.

De repente, um soldado com uma metralhadora nas mãos se aproximou dela. Teve um tremendo susto. Ele falou que era o seu amigo e que era de confiança. Disse que a levaria de volta para casa. E a menininha ficou feliz.

— Onde você mora?

— Não sei!

— Onde estão os seus pais.

— Também não sei!

— O que faz sozinha na rua?

— Estou com medo, moço! Eu me perdi dos meus pais!

O soldado pegou a mão da menininha e saiu caminhando pelas ruas até encontrar um lugar seguro onde tinha muitas crianças perdidas e pedir para que cuidassem dela até que os seus pais fossem encontrados.

— Como vou saber que acharam os meus pais?

— A gente dá um jeito, menininha

— Eu quero ir para casa!

— Todos querem ir para casa. Logo voltará para casa.

— O nome do meu papai é José e da minha mamãe é Maria. Ela tem um sinal no braço. Procure eles para mim, moço.

— Pode deixar que eu vou trazê-los até você. Confie em mim novamente.

O soldado precisou partir e a menininha foi chamada para brincar com as outras crianças no grande pátio. Pelo menos ali estava protegida dos bombardeios que ouvia a todo instante.

Aquele barulho de sirenes no seu ouvido a estava deixando nervosa por demais, pois ficava pensando nos seus pais feridos ou mortos àquela hora do dia.

Tomara que o papai e a mamãe estejam bem, pensou a menininha enquanto recebia uma boneca para brincar.

De repente, um barulho enorme do lado do abrigo assustou todas as crianças e adultos. Depois de alguns minutos foram ver pela janela o que tinha acontecido. Um prédio foi atacado e destruído ali bem pertinho. Podia ter sido o delas. Era a guerra.

Exercícios para o bom pensar.

1 – Como você acha que deve se sentir uma criança em meio a guerra?

2 – Por que as crianças não conseguem compreender as guerras?

3 – Do que você acha que as crianças têm mais medo na guerra?

4 – O que a guerra faz com os corações das crianças?

5 – Se você fosse um soldado o que faria quando visse uma criança chorando em meio a guerra? Por que faria isso?

Desenhe você em uma guerra salvando uma criança.