Rosângela Trajano - Filosofia, Poesias p/ crianças
Material de filosofia para crianças e jovens, poesias, contos.
Textos
A menininha e o caranguejo
A menininha e o caranguejo
Rosângela Trajano

Era uma vez, numa vila perto de um manguezal, uma menininha chamada Lúcia. Lúcia adorava explorar a natureza e tinha um amigo muito especial: um caranguejo chamado Zé. Zé morava no mangue, escondido entre as raízes das árvores e as águas frescas. Todos os dias, Lúcia ia até o mangue levando comida para Zé. Ela levava pedaços de frutas, grãos e até um pouco de arroz. Zé, com suas pinças grandes e suas patas rápidas, vinha correndo quando via Lúcia chegando, e sempre ficava muito feliz com o lanche.
Os dias passavam e o vínculo entre Lúcia e Zé só crescia. Lúcia conhecia todos os cantos do mangue, e Zé a guiava, mostrando os melhores esconderijos entre as plantas aquáticas. Eles brincavam, se divertiam e conversavam sobre os passarinhos que voavam por lá e os peixes que nadavam tranquilamente.
Mas um dia, ao chegar no mangue, Lúcia não viu Zé. Ela chamou por ele, mas ele não apareceu. Preocupada, ela foi mais fundo na água e entre as raízes das árvores, procurando por seu amigo. Foi quando, ao longe, ela viu algo que fez seu coração disparar. Zé estava preso! Ele estava com suas patas presas em uma corda, amarrado a um saco, e o homem que catava caranguejos estava se aproximando.
Lúcia não pensou duas vezes. Ela correu até o homem, com os olhos cheios de coragem e raiva.
— Solte o meu amigo, seu catador de caranguejos! — ela gritou, puxando a corda com força.
O homem olhou surpreso para a menininha.
— Você não entende, minha filha, isso é o meu trabalho. O caranguejo faz parte do que eu preciso para vender e sustentar a minha família.
Mas Lúcia, determinada, não desistiu. Ela explicou com calma e firmeza:
— Eu sei que o senhor precisa do seu trabalho, mas o Zé não merece isso! Ele é meu amigo! Ele não está fazendo mal a ninguém, e eu sempre trouxe comida para ele com tanto carinho! Ele é um ser vivo e merece liberdade.
O homem, tocado pela coragem e pelas palavras de Lúcia, olhou para Zé e, finalmente, concordou.
— Está bem, menina. Eu vou soltar o caranguejo. Você tem razão, ele merece ser livre.
Com muito cuidado, o homem cortou a corda e soltou Zé. O caranguejo correu de volta para o mangue, feliz por estar livre novamente. Lúcia sorriu e agradeceu ao homem.
— Obrigada! Eu vou continuar cuidando do Zé, e ele vai continuar com a liberdade dele aqui no mangue, onde ele pertence.
E assim, Lúcia aprendeu uma grande lição sobre a importância de defender os amigos, a natureza e a vida dos seres vivos ao seu redor.
E desde aquele dia, toda vez que ia ao mangue, Lúcia sentia-se ainda mais conectada com a natureza e seus amigos, sabendo que, com coragem e amor, até a menor pessoa podia fazer uma grande diferença.
Rosângela Trajano
Enviado por Rosângela Trajano em 06/02/2025