Author: Rosângela Trajano (Rosângela Trajano)

de repente, alguém vai dizer à bela noitinha que na roda da vida o mundo caminha quem hoje machuca oprime e discrimina não sabe das voltas que a vida leva noitinha maravilhosa e terna deixarei minha janelinha aberta pode entrar, pode entrar eu serei a sua amiguinha vamos brincar de bonequinha Rosângela Trajano

aquela flor pretinha caminha não sei para onde foge do preconceito foge do racismo está perturbada e doída caminha à toa, à toa o porco espinho a encontrou estava de boa, de boa deu para ela um sorriso para quem nunca recebeu nada a flor se encantou sentou-se no chão com ele conversou a dor...

no céu tem pontinhos a noitinha está com sarampo precisa ficar deitada está machucada tristonha e abusada sofreu opressão preconceito discriminação tudo isso virou pontinhos mas com o beijo da menina a noitinha logo se curou a porta da casa abriu lua dançarina recebeu seus pontinhos sumiram o amor venceu, venceu Rosângela Trajano

ganhei um presente nasci noite bonita assim tão contente com sorriso gigante noite que se aninha na certeza do acalanto na hora da menininha fazer a sua oração ganhei um belo manto do infinito céu com minha doce vozinha acabarei com a opressão e também com o racismo em sendo noite fortaleza erguerei pontes para...

retornei ao meu reino onde flor pretinha também pode ser princesinha resistir a opressão lutar por um milhão de ideias esquecidas serei a flor pretinha levada no bolso do calção do menino chorão eu choro com ele na dor do preconceito Rosângela Trajano

sou a mãozinha da noite que segura a florzinha que segura a bolinha do menino gracioso que me calça luvas cura a opressão e meio raivoso diz não ao racismo sou a mãozinha da noite que quer segurar a tua para juntos irmos à lua ou quem sabe passearmos na rua das flores com espinhos...

quando o menino veio a mim eu chorei junto com ele porque no meu ser noite já fui discriminada sofri racismo e fui oprimida chorei com o menino porque perdi a inocência os sonhos e a vontade de sair de nuvem em nuvem dizendo eu te amo para quem sempre me amou as lágrimas do...

para o menino chorão serei noite a vida inteira ligarei o meu botão que destrói a opressão acabando com o racismo fazendo o menino sorrir serei noite a vida inteira cantando desafinada neste meu vozeirão espantando a tristeza se dizendo amalucada cheia de vergonha de ser da fila a derradeira Rosângela Trajano

sou a boquinha da noite onde tudo acontece menino pequeno nela cresce sementinha vira flor a vizinha ganha um bolo sou a boquinha da noite que chora na opressão luta e resiste ao racismo come pão com salsicha um gostoso melão ser a boquinha da noite faz de mim uma bruxinha que com formigas e...

eu venho das montanhas lá onde mora um rei um leão negro que morre de medo de crescer se enraiva com a opressão fica bravo com o racismo mas este leão pretinho está cansado e quer dormir depois de mais ouvir o menino de lá dizer não ao preconceito descabido que nunca será temido pelo...