Um passeio no bairro do Alecrim
Rosângela Trajano
Hoje acordei cedinho, tomei meu café da manhã ouvindo o meu cachorro latir para os pássaros nas árvores que não paravam de cantar. O meu cachorro tem uns puns tão horríveis! Mas, quando a gente ama até o odor dos esgotos a céu aberto cheiram a flores.
Depois fui pegar o transporte coletivo para ir dar um passeio pelo Alecrim, comprar um remédio para a minha mãe em uma farmácia que tem um preço bonzinho. Remédio está muito caro, gente!
Na farmácia enfrentei uma fila com cento e doze velhinhos preferenciais na minha frente, inclusive um deles com noventa e nove anos que quis me paquerar dizendo que eu era uma morena cheirosa e de cabelos cacheados bonitos. Ele me deu um pirulito de presente. As coisas lindas que a vida nos traz começam assim.
Vim para o ponto de ônibus debaixo de um sol quente, pleno meio-dia em ponto. Na praça Gentil Ferreira, sentei-me num banquinho de cimento e um rapazinho de mais ou menos uns vinte anos veio me oferecer dez agulhas de mão por um real. Eu disse que não queria, ele ficou aborrecido e se foi reclamando de mim. Depois ouvi o diálogo de uma novinha com um velhinho sobre beijos e abraços e fiquei horrorizada. Um homem negro vendia CDs num carrinho de som feito por ele que tocava o cantor Carlos Alexandre há mais de duas horas. Por último, uma novinha pediu-me cinco reais para almoçar. Eu dei e fiquei pedindo a Deus que meu transporte viesse logo. São assim as bonitezas do Alecrim!
Exercícios para o bom pensar.
1 – Como você acha que é o bairro da autora?
2 – Como a autora se sente diante das coisas que acontecem com ela?
3 – O que um bairro pode nos proporcionar de alegrias?
4 – O bairro do qual a autora fala parece movimentado. Comente.
5 – Comente sobre um passeio alegre que você fez.
Desenhe o que mais gostou na historinha.