Narciso e Eco

Rosângela Trajano

Baseado no mito grego de Narciso

Há muito tempo, num lugar não muito distante daqui aconteceu uma história muito bonita. O rio Cefiso conheceu uma mulher que mora nos rios que é muito bela e formosa por isso é chamada de ninfa, seu nome era Liríope, e logo se apaixonou por ela. Liríope era dotada de uma rara beleza e desse amor nasceu o pequeno Narciso. Liríope preocupada se seu filho viveria muito tempo procura Tirésias que lhe responde: “Sim, se ele jamais se conhecer, ou seja, se ele jamais vir a sua imagem.”

O pequeno Narciso cresce e torna-se um homem belíssimo, mas muito orgulhoso. O jovem bravo e selvagem é insensível ao amor. As ninfas se apaixonam por ele, mas não está nem aí para elas. Sua paixão é caçar.

Certo dia, Narciso estava caçando no meio da mata verde, com grandes árvores, quando a ninfa Eco o vê e logo apaixona-se por ele. Tenta aproximar-se e fazer-lhe um carinho, mas ele não aceita, nem mesmo um simples gesto de afeto. Narciso era rude para com as ninfas e logo dizia: “Retirem estas mãos que me enlaçam. Antes morrer do que me entregar a vocês.” E fazia assim com todas as ninfas que se apaixonavam por ele. Narciso nunca amou ninguém, não sabia o que era amar.

Eco fala para Narciso: – Eu te amo!

Quando Eco falava sua voz era repetida como se fosse um eco por toda a floresta, e por isso ela ouvia de volta:

– Eu te amo! Eu te amo!

E a pobre Eco pensou ser Narciso que dizia aquilo. Ficando mais apaixonada ainda por ele. Mas quando descobriu que Narciso nunca tinha dito que a amava Eco ficou profundamente triste.

De triste passou a ter raiva de Narciso que fazia pouco das ninfas com a sua beleza, e decidiu dar-lhe uma lição. Procurou a deusa Nêmesis para que ela castigasse a frieza de Narciso.

– Que também possa ele amar e jamais ter a pessoa que ama!,  Pediu Eco à Deusa.

Passados alguns dias estava Narciso a andar pelo campo, quando se aproxima de uma fonte límpida que nunca homem ou animal algum havia tocado, rodeada por plantas cheirosas e macias. O jovem, cansado, deita-se sobre as ervas e descansa. Ao acordar sente vontade de beber, chega à margem do rio para matar a sua sede. Sem saber que é a sua própria imagem que vê Narciso se encanta e se apaixona com o rosto refletido na água.

– Como és lindo!, exclama o jovem Narciso.

Depois desse dia o pobre Narciso é consumido por um amor que queima dentro de si como fogo, esquece de comer e dormir e logo começa a emagrecer.

Todos os dias Narciso ia à beira do rio, e ficava por horas contemplando aquela imagem bela que tanto amava.

– Por que não me queres? Por que não falas comigo? Maldito!

Narciso pega um pau e mete na água. Ao fazer aquilo, ele descobre que o rosto que ama é o seu próprio.

Quando dar conta de que ama a própria imagem e está apaixonado por si mesmo, Narciso deseja morrer.

Os dias passam, o jovem Narciso não se alimenta mais, não caça, está muito doente, quase sem forças para viver e tomado por um amor muito maior do que ele, pois está totalmente apaixonado pela sua imagem e não para de pensar nela. Chega o dia em que não suporta mais a dor do amor por si próprio e acaba morrendo.

Náiades e Dríades choram enquanto preparam seu funeral. Mas, subitamente, reparam que seu corpo desapareceu. No lugar dele, acha-se uma flor rodeada por pétalas brancas que hoje é conhecida como: Narciso.

A ninfa Eco que tanto o amava quando sabe da sua morte também morre, de dor. Seu corpo se transforma numa pedra. Em cima da pedra nasce a flor Narciso.