Dandinha
Rosângela Trajano
Tem cor da noite
Faz oração
Sentada no chão
No escuro não é vista
Mas sorri grande
E seus dentes brancos
Dizem da sua alegria
Filha de escravos
Brinca na cozinha
Essa Dandinha
Sonha ganhar mundos
Em barquinhos de papel
Pintados com carvão
Para parecerem com sua cor
Que ela acha tão bela
Com raiva se pintou
De farinha
Dandinha, tu és negra
Nunca vais mudar de cor
Disse a senhorinha da casa
Enquanto lhe dava a vassoura
Para limpar a bagunça
Que a sua raiva inventou